Thais Rodrigues Campos
Mylena da Silva Nunes
Recebi um telefonema do Colégio Aplicação João XXIII ás seis e mais da manhã me contratando para investigar um caso de esquartejamento de uma aluna de dezesseis anos chamada Tammy. Ela fora encontrada no banheiro feminino do prédio do Ensino Médio. Aceitando o caso fui até a escola para saber mais detalhes. Quando cheguei ao colégio, decidi que a primeira coisa que eu iria fazer era interrogar os funcionários que trabalharam na noite do assassinato. A funcionária Luiza que trabalhava na cantina me informou que Hygor ex-namorado de Tammy fora comprar dois salgados e dois refrescos e depois ter entrado no banheiro masculino. Ao questionar um funcionário que ficava encarregado de fazer a limpeza dos banheiros masculinos do prédio do Ensino Fundamental me disse que encontrou no lixo um frasco de veneno de rato. Logo em seguida fui até o Ensino Médio entrevistar os funcionários que trabalhavam na noite do crime, um deles me disse que vira Isabelly e Eduarda passando em frente ao banheiro onde foi encontrado o corpo da vítima. Decidi examinar o banheiro feminino, logo de cara, encontrei mínimas gotículas de sangue na entrada, apanhei uma amostra para examinar. Isabelly fora amiga de Tammy desde a primeira série, mas por motivos pessoais teriam brigado sério com a amiga. E mais tarde consegui o endereço dela e fui até sua casa para pedir informações. Ao chegar fui atendido por uma linda mulher que deveria ser a mãe dela. Não fiquei enrolando pois eu tinha que examinar o corpo antes que as provas sumissem.
– Naquela noite, tínhamos aula de desenhos geométricos, era uma aula à noite, pois era como uma espécie de aula de reforço, já que a maioria da turma tinha tirado nota baixa na prova, com Tammy não foi diferente. O nosso professor sempre foi muito desligado, pessoas entravam e saíam da sala sem que ele percebesse. – Me contou Isabelly.
– E o que mais aconteceu naquela noite?
– A Tammy estava sentindo muita cólica, e havia pedido para ir ao banheiro, depois a última vez que eu a vi, foi quando fui ao banheiro e a vi morta no chão.
– Não saiu mais ninguém da sala de aula depois disso?
– Fora Manuela? Ninguém mais!
– Quem é Manuela?
– Ah, ela estuda com a gente desde a primeira série, mas nunca teve contato nenhum conosco, nem outro aluno. Ela sempre foi muito estranha, nunca foi as nossas festas e nem mesmo combinava com a gente. Os trabalhos ela sempre fazia sozinha, mas nunca fez mal a ninguém, nem mesmo tinha coragem de matar uma formiga.
– E como estava o corpo quando você a viu?
– O corpo dela estava jogado perto das pias que havia no banheiro, a cabeça estava perto de um boxe. O corpo estava sangrando muito, pois tinha uma poça enorme de sangue no chão. Na hora nem reparei muito, e nem cheguei a encostar no sangue jorrado ou no corpo, fiquei apavorada e não contei a ninguém.
– Por que não contou a ninguém?
– Porque estava com medo de que me culpassem.
– Obrigado, suas informações foram muito úteis.
Cheguei em casa e de imediato fui examinar as gotículas de sangue encontradas na porta do banheiro. O sangue não era de Tammy e resolvi então que eu entraria em contato com as pessoas mais próximas de Tammy e investigar o corpo e as outras pistas.
Na manhã seguinte primeiro examinei o banheiro feminino, o corpo já não estava mais lá, pois fora levado para fazer o exame de perícia. Para manter as provas o banheiro nem fora limpado, resolvi olhar dentro dos boxes primeiro, ao examinar, percebi que um deles possuía vômito no vaso. Com esforço muito grande colhi uma amostra e guardei-a. A poça de sangue como Isabelly havia descrito pra mim estava lá. Peguei uma amostra de sangue para ver se encontrava algum outro tipo de pista. Nesse mesmo momento recebi um telefonema do perito, me informando que iria começar a fazer o exame naquele momento, mas percebeu que o corpo havia vindo sem cabeça, disse a ele que iria me informar mais sobre isso, e voltei à investigação.
Primeiro decidi entrevistar Hygor, ele estava muito abatido com a morte de Tammy, mas parecia preocupado.
– A gente brigou sério um dia antes da morte dela, pois eu não me conformava com o fato dela ter voltado a conversar com seu ex. Na noite da morte ela tentou reconciliar, resolvi então que não iria mais brigar sobre isso. Ela pediu para que eu comprasse um lanche para ela enquanto ela ia a secretaria, aproveitei e comprei um pra mim também. Em seguida nós nos encontramos na mesa branca, e lanchamos, e conversamos.
– Mas Luisa a funcionária que trabalha na cozinha me informou de que você depois de ter comprado o lanche foi de imediato para o banheiro masculino, e um funcionário que ficava encarregado de fazer a limpeza dos banheiros do Ensino Médio me disse que encontrou um frasco de veneno de rato no lixo do banheiro.
– Ah sim, havia me esquecido disso. – E a cara de preocupação dele aumentara – minha mãe havia me ligado uns trinta minutos atrás me lembrando para jogar o remédio de rato fora pois meu irmão tem síndrome de down e se deixasse o remédio ele poderia tomar e morrer, e já que nos já tínhamos aplicado o remédio na casa ela me pediu que jogasse o frasco fora.
– Recebi um telefonema essa noite que me informou que viram você um dia antes do crime comprando veneno.
– Sim, Minha mãe me pediu para comprar o veneno, pois estava impossibilitada de comprá-lo... E quem fora essa pessoa que te ligou?
– A pessoa não quis se identificar, mas era uma voz masculina.
– Entendo! É só isso?
– É sim obrigada!
Fui para casa com o frasco de veneno que o faxineiro havia me entregado, e quando encontrei Hygor, pedi um pouco de sangue dele, ele negou, dizendo que não queria que seu sangue ficasse nas mãos de qualquer um, me senti ofendido, mas como Hygor havia repetido três vezes, já tinha dezoito anos e fumava enquanto o entrevistava, ofereci um cigarro para ele, já que fumo também, quando ele terminou a sua primeira binga de cigarro peguei um cinzeiro meu que carrego para qualquer lugar, aquele dia foi meio útil. A binga de cigarro que ele fumou ficou comigo, a segunda ele terminou sem a minha presença. Chegando em casa rapidamente analisei a saliva que ficara na binga do cigarro comparando com o sangue que encontrei na porta do banheiro e o sangue não era dele, comparei com as digitais e células que ficaram no frasco e realmente era dele, e analisei o sangue com o vômito encontrado no banheiro, e os dois batiam e eram realmente de Tammy, mas acabei encontrando umas bactérias, que não me diziam nada, mas também encontrei outro tipo de sangue, um sangue diferente do de Tammy. Lembrei de ter visto uma marca de sola de sapato, Será que era de Isabelly? Mas ela me contou que não havia tocado no sangue! Muito suspeito, que eu me lembre não perguntei se ela havia tocado no corpo ou no sangue. Ela devia estar querendo mostrar que ela não é culpada. O sangue encontrado na porta e junto ao sangue não era de Tammy nem de Hygor. Com todas essas provas, creio que devo terminar esse caso.
Chegando de manhã no colégio, recebi uma ligação do perito, me dizendo que o corpo de Tammy não sofrera nenhum tipo de agressão, mas a cabeça, que ainda não tinha sido encontrada, foi cortada com a ajuda de uma faca, que não era uma faca especializada em corte de carne, como são as facas que matam pessoas, e sim uma faca de cozinha, que se pode arrumar em qualquer lugar.
Lembrei de ter ouvido o faxineiro falando que duas pessoas passaram pelo banheiro feminino, que foram Isabelly e Eduardo, mas quem era Eduardo? Fui à secretaria pedir informação sobre Eduardo. Eduardo é um professor de História. Quando a secretária me disse isso, fui confirmar com o faxineiro do ensino Médio, se era ele mesmo, ele me confirmou e fui até o Departamento de Ciência Humanas à procura dele. Quando cheguei no Departamento, só tinha ele na sala, ficaria mais fácil assim. Ao cumprimentar ele, senti um corte um pouco grande na mão dele. Sentamos e conversamos primeiro:
– O que você fazia no colégio aquela noite?
– Eu não tinha aula para dar, mas tinha muitas provas para corrigir e um data-show para montar.
– Por que não montou em casa?
– Meu computador está formatado, e já que as provas estavam no colégio, decidi fazer o data-show e depois corrigir as provas.
– Um funcionário me disse que viu você perto da cena do crime, o banheiro feminino do ensino Médio...
– Sim, eu fui ao banheiro masculino, fica ao lado.
– Mas por que você não foi ao banheiro dos professores?
– O banheiro dos professores fica no primeiro andar do prédio do ensino Fundamental, até ir lá, nossa, preferi ir no banheiro masculino mesmo.
– E esse corte na sua mão?
– Qual? Este? – Me perguntou mostrando o corte. – Eu cortei com uma faca.
– Poderia me explicar como?
– Lógico, eu estava descascando uma laranja, e a faca escorregou e acabou cortando a minha mão. Já que essa faca é muito afiada... e foi isso!
– Você teria a faca ainda suja? Ou ao menos aqui?
– Ela está aqui, mas já a lavei.
– Poderia me emprestar por alguns dias?
– Claro, espere um pouco – E foi até a sua bolsa buscar. – Toma.
– Obrigado.
Logo em seguida lhe pedi uma amostra de sangue dele. Ele não hesitou e deixou que eu retirasse. Depois agradeci e fui embora. Ao sair do colégio encontrei com uma aluna que estava na noite do crime, mas ela vinha correndo, e passou assustada por mim. Com uma cara fechada e com medo. Não me preocupei e fui embora. A cabeça de Tammy ainda não havia sido encontrada, mas as pistas eram muitas e eu estava suspeitando de três pessoas: Isabelly, Hygor e Eduardo. Não poderia julgar ninguém agora, ainda mais que não tinha provas suficientes, faltava achar a arma do crime, a cabeça e mais pistas, e o mais importante o assassino.
Fui direto para a casa de Isabelly, eu liguei para lá para avisar que iria passar lá. Quando cheguei, pedi que ela me emprestasse seu sapato. O sapato que ela havia usado no dia do crime. Ela me entregou, e percebi que não terminaria o caso hoje. Voltei ao colégio entrevistar outros alunos. Todos me disseram a mesma coisa, que Tammy, tinha passado mal e foi ao banheiro, depois não souberam de mais nada. Ao entrevistar uma aluna, a reconheci, era aquela garota que vira correndo e olhando assustada para mim. Depois das entrevistas voltei ao banheiro e comparei o sapato de Isabelly com a marca de sapato no sangue, e se encaixava. Olhei bem para o local, e não tinha mais nada para procurar ali, eles já podiam limpar o lugar.
Fui para casa e comparei outro tipo de sangue que tinha junto ao de Tammy, e percebi que era o de Eduardo, o sangue que estava na porta também era dele e analisei a faca, mas estava muito limpa. Então resolvi reanalisar as pistas e os suspeitos: Pode ser Isabelly, pois ela e Tammy haviam brigado, e ela tria ido até a cena do crime e viu o corpo, e além disso havia sido encontrada uma marca da sola de seu sapato, e quando viu Tammy morta no chão, não prestou socorro e saiu correndo. Poderia ser Eduardo pois ele tinha a arma do crime, pelo menos parecida. E foi encontrado o seu sangue na entrada e no banheiro, ele poderia muito bem ter se cortado ao tentar cortar a cabeça de Tammy. E podia ser Hygor que além de ter brigado com Tammy, ele podia ter jogado veneno no lanche que podia fazer que ela se sentisse mal e morresse e depois ter arrancado a cabeça dela.
No dia seguinte, entrevistei o Eduardo de novo, e perguntei se ele tinha algum envolvimento com Tammy.
– Olha, Tammy morava no apartamento ao lado do meu, e éramos bem próximos. Ela me contava bastante coisa, mas nunca me contou que tinha namorado, nunca vi os dois juntos, e tenho que admitir que sentia algo mais que amizade por ela.
Neste exato momento fomos interrompidos, por Hygor, que vinha correndo do laboratório de ciências e me disse apavorado:
– Eu... eu... eu... – Ele gaguejava. - ... A cabeça de Tammy – Ele estava muito apavorado.
– Onde ela está? Onde? – Eu disse apavorado.
– No laboratório. – ele disse.
Fomos correndo em direção ao laboratório, quando chegamos lá, a cabeça de Tammy estava em uma sacola plástica transparente. Todos nós ficamos muito apavorados. De imediato perguntei o que havia acontecido.
– Eu recebi uma mensagem, da internet, em anônimo, me dizendo para ir ao laboratório. Quando cheguei, encontrei a cabeça dela e como lembrei que você estava aqui, fui direto em você.
– Eu sei que você ama ficar nesse laboratório né? Você sabe se alguém ou algum professor veio aqui?
– Não ontem ninguém entrou no laboratório, e não vi nenhum professor por aqui. Mas sei que ontem de manhã eu não estava no colégio, então não sei, só de tarde, ninguém passou.
– Aham, então, hum. Eduardo acho que já tenho todas as informações necessárias, obrigada. Hygor, onde posso conseguir informações sobre o laboratório?
– Hum. Na secretaria!
Logo em seguida fui até a secretaria, procurar mais informações.
– Vocês poderiam me informar se alguém usou o laboratório de ciência ontem de manhã?
– Aah, espera um pouco?!
– Lógico.
A secretária foi até o quadro de chaves.
– Alguém usou o laboratório de manhã!
– Quem foi?
– Foi a aluna Manuela.
– Ah sim, e quanto tempo ela ficou lá?
– Ah, foi rápido cerca de cinco a dez minutos.
– Você sabe pra que?
– Ah, ela me disse que ia ver um esqueleto, só para completar uma pesquisa.
– ah sim, obrigada.
Foi ali que o quebra cabeça teve fim. Juntei as peças. A Manuela só mantinha contato com o professor de história, Eduardo, e pelo que fiquei sabendo, ele contava tudo a ela, ela nunca conversava com ninguém, e também reparei quando ela passava por Hygor, ela ficava olhando para ele. Ela deve ter matado a Tammy por ciúmes, no dia da morte, no instante que Tammy ainda estava no banheiro ela aproveitara para ir e a matar. Ela sumiu após a morte e ontem ela saíra correndo assustada perto do laboratório. Eu tinha que ir em sua casa. Consegui seu endereço e fui até sua casa. Ela não hesitou, e viu que acharam uma faca embalada em um plástico cheio de sangue. Na mesma hora se entregou. E não quis falar o motivo de ter matado Tammy. Mas imagino que por ciúmes mesmo. Dei o caso por encerrado.
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